Q. URBANIZAÇÃO COMO REFERÊNCIA
As
conquistas do território, o alargamento das fronteiras e das áreas de
exploração agro-exportadoras, o desbravamento e demarcações deveriam ser
acompanhadas por ocupações permanentes. Surge a formação de fazendas, a atuação
de companhias colonizadoras, a penetração das ferrovias, na busca de exploração
de reservas e jazidas.
O
gosto pela aventura, a consolidação da conquista, a utopia e os interesses
econômicos e políticos encomendam a cidade nova. São pensadas como um todo
acabado, modelo a ser implantado, bem concebido e construído por poucos para
muitos.
A
questão urbana das capitais planejadas e implantadas pelos poderes públicos tem
histórico da sua formação estrutural:
-
Belo Horizonte, planejada pelo engenheiro Aarão Reis, iniciou a construção em
1893 e foi inaugurada em 1897, inspirada no traçado de Washington/EEUU
(L’Enfant, 1791).
-
Goiânia, planejada pelo urbanista; Atílio Correia Lima em 1933, passou a sede
do governo em 1937 e foi inaugurada em 1942, assim como Niterói capital do
Estado do Rio de Janeiro e Volta Redonda, também construída nesta época,
assemelham-se as gardens-city e new towns inglesas.
-
Brasília, cuja concepção foi objeto de concurso público em 1957 vencido por
Lúcio Costa e inaugurado em 1960, em 1956 fora autorizada à transferência da
capital.
-
Em 1928 a empresa Ford iniciou a construção de um núcleo urbano completo para
aproximadamente 3 000 operários em uma área de 1milhão de hectares (núcleo mais
plantio), visando a extração da borracha. O núcleo foi abandonado em 1945.
-
Outros exemplos: Nestor de Figueiredo, (Recife capital de Pernambuco);Edvaldo
Paiva ,Demétrio Ribeiro e Edgar Graeff (Florianópolis,capital de Santa
Catarina)Francisco Riopardense de Macedo, Nelson de Souza e Roberto Veronese
(Caxias do Sul,Rio Grande do sul);José Oliveira Reis( Ribeirão Preto);Luis Saia (Lins,São Paulo).
As
pressões decorrentes das concentrações aceleradas de investimentos privados em
pólos de exportação, da expansão da economia, notadamente da industrialização,
das migrações demográficas sobre centros antigos e tradicionais como Rio de
Janeiro, São Paulo, Santos, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e Salvador,
requerendo a sua modernização e sua remodelação via obras públicas e ações
governamentais, notadamente no saneamento básico, no sistema viário e nos
transportes coletivos urbanos.
Emerge
a idéia de que os “problemas urbanos” poderão ser resolvidos através de uma
administração mais “racional onde o planejar tem um papel fundamental”.
A
questão que se apresenta e a visão do
planejador e não mais o
intelectual e militante vinculado a um projeto político e social, é agora o
técnico que aplica princípios e normas racionalizadoras, ganhando ênfase a visão
tecnicista, dominantemente setorializada. São exemplos desta vertente:
- Plano de Saneamento, Extensão e Melhoramentos para a cidade de Santos, do engenheiro Saturnino de Brito
(1905-1914);
- Projeto de Melhoramentos para Porto
Alegre, notadamente viário e sem maior preocupação com a distribuição da
população e dos equipamentos do engenheiro-arquiteto João Moreira Maciel
(1914). Foi um marco na história do urbanismo de Porto Alegre e base para os
estudos e planos que se lhe seguiram:
- Plano de Avenidas, publicado em 1930,
elaborado por Francisco Prestes Maia, propondo especificamente melhoramentos e
extensão do sistema viário de São Paulo. Orientou a atuação dos prefeitos
durante o período de 1934 a 1945 e definiu a estrutura viária principal da
cidade até fins dos anos 60. Representou a passagem de uma intervenção
urbanística orientada para a higiene a estética e a técnica para uma atividade
marcada pela racionalidade da ação, a definição de meios para atingir
determinados fins:
- Plano de Remodelação, Extensão e Embelezamento da cidade do Rio de Janeiro, elaborado pelo urbanista francês
Alfred H.D. Agache, durante o período (de 1926 a 1930. E um plano orientado
para o aspecto visual que o leva a ser considerado Beaux-Arts, inspirado pelos
critérios da École de Beaux-Arts de Paris. Não obstante, identifica-se dentro
do plano a preocupação com a funcionalidade, o que não é típico das obras
Beaux-Arts).
- Plano de Saneamento do Rio Grande do Sul,
com a aprovação em 1945, pela Diretoria de Saneamento, através da Seção de
Urbanismo, passou a. elaborar “planos diretores que constituíam planos viários,
de alinhamentos ou sanitários, visando proporcionar as melhores condições
físicas para a implantação de redes de água e esgoto. Como exemplo temos o
plano de Novo Hamburgo, elaborado em 1947, que tinha como objetivos explícitos:
a) atender as necessidades do Plano de Saneamento do Estado: definir área
urbana, zonas decadentes e zonas prosperas; b) restabelecer as condições
higiênicas; e) criar condições técnicas para o seu progresso”.

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