C. FORMAÇÃO DO LITORAL NORTE

Imbé,  a origem do núcleo populacional de Imbé surgiu, segundo relatório da Comissão Emancipacionista, a partir da povoação da margem do Rio Tramandaí por pescadores e, por volta do século XVIII, pelas famílias de Vitoriano, Alberto José Nunes, Reduzino Costa, Manoel Ferreira da Silva, Alberto Firmino, João Norato, Honorato Barbosa, Sipiano, Olibio Gonçalves, Afonso Marinheiro e pela família Mello. Naquela época, a situação e o curso do rio eram outros, pois, hoje, percebe-se que seu rumo mudou.

Em 1871, o casal Antônio Quaresma Gomes e Maria Bernarda Lemos residiam nas terras onde hoje se localiza o novo Município de Imbé, sabe-se que, anteriormente, as terras de Imbé tiveram vários proprietários. Alguns anos depois, estas terras foram vendidas ao Sr. Jorge José Mury e, após sua morte, em 1941, foram  negociadas com os Srs. Mariah e Bergamaschi, instituindo o loteamento que até hoje estrutura a localidade.

Após o loteamento, alguns pescadores recorreram a ação judicial, sendo, dessa forma, assentados no outro lado do Rio Tramandaí, junto a Laguna do Armazém. passados  alguns anos e o engenheiro Ubatuba de Farias realiza um projeto de urbanização que é implantado em Imbé,este projeto apresenta uma peculiaridade: as ruas próximas da travessia do rio, obedecem à um traçado curvilíneo.

 Na última década houve uma explosão no desenvolvimento comercial, margeando as avenidas Osório e Paraguaçu, bem como o surgimento de 3 importantes núcleos de moradores, constituindo os bairros de João Clemente, Palmarito Saraiva e Courasa. A maioria da população destes bairros é formada por pescadores, funcionários municipais e estaduais, operários da construção civil, servidores do comércio e aposentados, desta forma, Imbé foi se desenvolvendo e a emancipação tornou-se um anseio comum.

 Em 10 de abril de 1988, realiza-se a consulta plebiscitária em Imbé, quando a população opta pelo SIM, legitimando a emancipação de sua terra. A procura pelas áreas litorâneas do norte como Tramandai, Torres, Capão da Canoa, Imbé, Cidreira, e Pinhal, acesso ao mar sempre foi aspiração dos gaúchos.Essa  prática iniciada no final do século XIX, consolidou-se no século XX, popularizou-se a partir dos anos 70, com a facilidade da auto-estrada Porto Alegre a Osório e, depois, com a Estrada do Mar.

As praias iniciaram processo de emancipação, num movimento duvidoso em suas intenções e criticado nas conseqüências, algumas desastrosas. Finalmente, a explosão dos moradores fixos, além dos milhares e milhares de veranistas.

Os turistas argentinos sempre esperados como alternativa para aliviar a participação econômica na região estão bem distantes, pois sua economia esta completamente comprometida, no atual momento econômico. Afinal, o planejamento e investimentos que deveriam ser a tônica, Balneário de Pinhal a Torres, á excesso de construções sem um Plano Diretor e, muitas menos, metas, envolvendo os prefeitos, aonde os problemas vão se tornando crônicos.

A qualidade de pavimentação das ruas e avenidas é extremamente precária, a falta de esgotos pluviais e canalização dos valões não sai e alguns são conhecidos há 30 ou 40 anos. A questão do recolhimento do lixo, sem coleta seletiva e destino adequado, constrange. 

A iluminação pública nas vias secundárias é paupérrima. Vive do IPTU, pago na maior parte com descontos entre janeiro e fevereiro, com um retorno sem expressão financeiro do ICMS e da cobrança de taxas. 

Os 08 prefeitos, por mais que se esforcem, não conseguem visualizar novas alternativas na forma de administrar. Espigões de 15 a 20 de andares representam uma péssima contribuição para a qualidade de vida e o conforto ambiental. Há congestionamento nas ruas.As tubulações não apresentam o dimensionamento necessário são fontes de poluição cloacal. Não existem estações de tratamento de esgotos.

O comercio estabelecido,  fatura bem nos três meses de verão para sustentar-se o ano todo. A queda nas vendas está calculada em 12%, no mínimo, entre a temporada 2002/2004.A insegurança que chegou na orla marítima e favelas surgem esta, na hora de uma forte ação conjunto do  Estado e Municípios, para atrair novas alternativas na captação de recursos econômicos.

Zona pobre do RS, o Litoral Norte pode progredir mais e não deixar que os problemas se expandam e fiquem fora de controle. Uma boa administração municipal requer a descentralização de recursos, poder político e pessoal para o âmbito das autoridades locais. Estes estão em melhor situação para avaliar as necessidades locais. O desenvolvimento sustentável das cidades de­pende de um trabalho em contato mais estreito com a sociedade como um todo.

Dentro dessa ótica, as funções que se caracterizam co­mo de interesse comum são:

-Turismo; -Ocupação e parcelamento do solo;
-Infra-estrutura para o turismo versus preservação ambiental;
-Transporte urbano e a questão das tarifas diferenciadas;
-Locais para disposição do lixo;
-Concretização da Rota do Sol e a Estrada do Mar, como transformador do espaço litorâneo.
Sem duvida, o turismo è a principal função a ser tratada em conjunto. A densificação dos balneários exige grandes investimentos em infra-estrutura, principalmente considerando os aspectos geomorfológicos da área terreno de sedimentação recente, que apresenta restrições ao uso e ocupação do solo
.Para evitar a ociosidade destes investimentos, as administrações Municipais poderiam avaliar outras formas de alternativas para valorização na captação de recursos financeiros depois dos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março como forma de melhor qualificar o Litoral Norte.

O modelo econômico precisa ser repensado, e a ele ser agregado novos mecanismos de desenvolvimento.Há nas cidades do litoral norte o solo urbano “clandestino”, isto é, solo urbano que não se enquadra nas normas urbanísticas reguladas pelos Planos Diretores e outros instrumentos urbanísticos. 

Ao avaliarmos este processo que vem se apresentando na cultura urbana gaúcha, apontamos procedimentos para uma melhor compreensão da questão urbana, a qual  não pode ser reduzida a soma de soluções arquitetônicas que ocorrem ou ocorrerão no território urbano, e não podem ser relegadas a simples conceitos técnicos como um glossário urbanístico somente.

Planejar é estabelecer com nitidez a saudável diferença entre Planos e Projetos com as seguintes características:

Programação integrando-se ações físicas e não-físicas com meios do município e de outras instituições.
Previsão e regulação do uso do espaço municipal e estratégias de redes, sistemas de atividades e salva-guarda ambiental.

Os elementos urbanos estruturados com a continuidade do espaço público.
- Planos municipais não como um documento global completo, mas  um sistema de documentos.
- Planos Diretores, não podem ser apenas um documento técnico, mas o resultado de uma negociação tecnicamente apoiada pelos dirigentes municipais.

Para melhor qualificarmos o tratamento dos problemas é necessário à existência de corpo técnico nas administrações municipais razoavelmente instrumentalizado e atualizado sobre as implicações que a forma urbana têm sobre a vida de seus habitantes.


Infelizmente, não é a realidade brasileira.Nossas administrações não se qualificam e seus técnicos, são insuficientemente treinados, para trabalhar a escala da cidade.A conseqüência imediata nessas situações tem sido o excesso da burocratização das idéias e das decisões.

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