M. A INFLUÊNCIA DE EBENEZER HOWARD NO URBANISMO
A
cidade apareceu provavelmente pela primeira vez como uma forma diferenciada de
povoação, por volta do ano 3000 a.C. O que a distinguia das povoações
predecessores era o seu tamanho e o fato de uma parte considerável da sua
população não participar nas tarefas agrícolas.
A libertação da necessidade de
produzir alimentos permitiu aos habitantes da cidade converter-se em
administradores, comerciantes, artesãos, sacerdotes e soldados.Três foram os
fatores, portanto, que influíram na aparição da cidade: a existência de um meio
favorável para a produção de um excedente agrícola, uma tecnologia
relativamente avançada e uma estrutura de poder bem estabelecida.
Londres
já tinha meio milhão de habitantes em 1660, numa época em que a segunda maior
cidade, Bristol, contava cerca de 30 mil.De 1700 a 1820, a população chegou a 1
250 000. A centralização do poder político; a substituição do feudalismo por
uma aristocracia rural e, em seguida, por uma burguesia rural, com todos os
efeitos subseqüentes sobre a modernização da terra; o desenvolvimento
extraordinário de um comércio mercantil: esses processos notáveis haviam
ganhado um irresistível impulso no decorrer do tempo – uma concentração e uma
demanda que alimentavam a si próprias.
A cidade do século XIX, na Grã-Bretanha
como em outros lugares, seria uma criação do capitalismo industrial. Como
curiosidade observaremos a data
aproximada de 1840, com a primeira estimativa oficial para a esperança de vida:
na Inglaterra, como um todo , seria 41 anos; em Londres, 37; Liverpool, 26 e
Lanchester 24.
Diante
da degradação daquela cidade industrial, surgiram anteriormente projetos
idealistas como, por exemplo, o de Robert Owen (1771—1858) industrial inglês nascido em Newtown,
Montgomeryshire, País de Gales, transformando-se em um dos mais importantes
socialistas utópicos com a criação de
comunidades industriais. Autodidata, começa a trabalhar aos dez anos,
como auxiliar de alfaiate, e sua contribuição nasceu da própria experiência em
uma fábrica de fios de sua propriedade em New Lanark, Lanarkshire, Escócia,
onde observa que a maioria dos trabalhadores viviam em precárias condições de
higiene e moradia.
Em 1800 torna-se sócio da empresa e ali realiza a primeira
implantação de uma comunidade inspirada nos ideais utópicos: melhora as casas,
cria armazém em que se podiam comprar
mercadorias a preço mais em conta, promove o estrito controle das bebidas
alcoólicas reduzindo o vício e o crime, e funda a primeira escola maternal
britânica (1816). Como empreendimento
cria uma fiação no centro de uma
comunidade operária 1817.
Com
sua influencia se empenha junto aos
poderes públicos para melhorar a qualidade e as condições de trabalho,
redução das jornadas e regulamentação do
trabalho de menores, prega a formação de cidades-cooperativas, ou comunidades
autônomas de trabalhadores, como solução para a questão social. A repercussão
de sua obra ultrapassou as fronteiras do país, e chamaram a atenção sobretudo
suas inovações pedagógicas: jardim de infância, escola ativa e cursos noturnos.
Fundou outras comunidades como as de Orbiston, perto de Glasgow e transferiu-se
para os Estados Unidos (1824) a fim de pôr à prova suas idéias, fundando a
efêmera comunidade de New Harmony, Indiana, na qual não obteve sucesso e ainda
praticamente perdeu toda sua fortuna. Voltou ao Reino Unido (1829) onde
organizou uma rede de cooperativas e um sistema de bolsas de trabalho e
promoveu uma vasta união sindical (1834). Tornou-se espiritualista (1852) e seu
livro mais importante foi The New Moral World (1834-1845). Foi o primeiro a
usar a palavra socialismo, para denominar sua doutrina.
Nas
últimas décadas do século, muitos melhoramentos foram introduzidos, sobretudo
no que diz respeito à higiene e ao saneamento público. A necessidade da água corrente, banheiros nas
casas começam a se tornar objetivos estabelecidas pelo Estado onde os primeiros
sistemas de canalização de água potável com sistemas coletivos de esgoto,
serviços de limpeza de ruas, etc, começaram a serem prestados serviços para
melhorar as questões de qualidade de vida das cidades industriais.
Mas
os problemas decorrentes do grande crescimento urbano de forma acelerada:
habitações com superadensamentos, má circulação congestionamento das áreas
centrais.Diante destas questões a transferência para os subúrbios, aumentando
desta forma as distâncias, aumento das jornadas de trabalho-habitação a má
qualidade e compreensão dos meios de transporte com relação as demandas de
ponta.
A
procura de uma solução para esses problemas estava sendo procurada por intelectuais
e humanistas que, para tanto, buscavam a interpretar e a conhecer a verdadeira
natureza da sociedade urbana.Já
no fim do século, o geógrafo Piotr Kropotkin, Escritor, filósofo e militante
anarquista russo, nascido na nobreza russa em Moscou, em 1842. Depois de passar
pelo Corpo de Pagens, já oficial, foi para a Sibéria onde realizou importantes
levantamentos geográficos. Desligou-se do exército e tornou-se geógrafo, tendo
percorrido a Sibéria e a Manchúria, onde pode conhecer de perto miséria dos povos
sujeitos ao Czarismo.
Fundador e editor em Genebra, em 1879, do jornal Le
Révolté, é preso na França, em 1882. Libertado em 1885, depois de um amplo
movimento de intelectuais e cientistas, entre os quais Herbert Spencer, Ernest
Renan e Victor Hugo, refugiou-se na Inglaterra. Conviveu com os principais
intelectuais da sua época e foi colaborador da Geographical Society. Em alguns
de seus livros, Kropótkin buscou a base científica para o pensamento
anarquista, de suas pesquisas. Kropótkin se tornou o mais traduzido e lido de
todos os pensadores libertários. Seus livros faziam parte da biblioteca dos
camponeses e operários em quase todos os países. Palavras de um Revoltado, Aos
Jovens, Ética, O Estado e seu Papel na História tiveram edições em inúmeras línguas
e em todos os continentes. Morreu em 8 de fevereiro de 1921Entre os seus
principais livros estão A Conquista do Pão, Apoio Mútuo, , Ética Anarquista , A
Grande Revolução e Campos, Fábricas e Oficinas.
No
seu livro “Fields, Factories and Workshops” (Campos, Fábricas e Oficinas)
apresenta uma interpretação, em termos
dos novos processos e potencialidades que a técnica então oferecia. Os novos
meios de transportes e comunicações rápidos aliados a transmissão da energia
elétrica por uma rede, colocavam, segundo ele, em termos de facilidades e
equipamentos, a pequena comunidade em pé de igualdade com a cidade
supercongestionada. Com isso desaparecia a nítida divisão entre o urbano e o
rural.
Influenciado
por Kropotkin, em 1898 Ebenezer Howard publicava “Tomorrow: a Peaceful Path to
Real Peform”, que seria revisto e reeditado em 1902 sob o nome de “Garden
cities of Tomorrow . Tratava-se de uma proposta para um novo modelo de
desenvolvimento urbano, um modelo que se propunha a empregar as facilidades
únicas modernas tara acabar com a diferença cada vez maior entre o campo e
cidade.Ebenezer
Howard apresentava os “Três Imãs” para os quais a população podia ser
atraída.
Para ele;
1º Imã – a cidade
Afastamento da natureza =
oportunidades sociais
Fumaças, céu sombrio= lugares de divertimento
Distanciamento do trabalho= chances de emprego
Alugueis
e preços altos= salários altos
Cortiços,
“slums’ = edifícios imponentes
2ºImã
– o campo
Ausência de oportunidades sociais= beleza
natural
Diversões
limitadas= ar fresco
Salários
baixos = alugueis baixos
Vilas
desertas= água abundante
Habitações
superlotadas= sol claro
3º
Imã – cidade e campo magneto
Beleza
natural= oportunidades sociais campos e parques de fácil acesso
Alugueis
baixos = altos salários
Preços
baixos= muito que fazer Água e ar puros, boas condições sanitárias
Ausência
de fumaças= casas e jardins Liberdade cooperação
Influenciado
pelas idéias de James Buckingham, sobre a cidade ideal (Victoria), Edward G.
Wakefield, sobre a organização das migrações de modo a transformar em
proprietários colonos que deviam representar diferentes camadas sociais e
Hebert Spencer, sobre propriedade da terra.
Howard
propunha: “um sistema, de cidades agrupadas em torno de uma por assim dizer
Cidade Central, de tal modo que cada habitante do conjunto, ainda que vivendo,
em sentido estricto, em uma cidade pequena, estaria, na realidade, vivendo e
gozando de todas as vantagens de uma cidade grande e mais bonita onde poderiam
ser encontrados a universidade, galerias de arte, teatros, filarmônicas,
hospitais especializados, etc que uma pequena cidade dificilmente poderia
oferecer.
O
modelo da cidade jardim (apresentado como um diagrama que deveria ser
modificado para seguir as condições do sítio), constituía-se em uma área
circular cercada por um cinturão verde e limitada por uma linha férrea que se
desprendia da ferrovia principal. Do parque central, vias radiais com 36m de
largura dividiam a zona residencial em 6 setores. No interior da área, na sua
linha média, um parque em forma de anel circular, com 130m de largura,
constituía o espaço aberto onde se localizariam as escolas e as igrejas.
O
esquema da cidade-jardim previa transportes tanto por rodovias quanto por
ferrovias. O sistema rodoviário se irradiava a partir do centro, interceptando
vias circulares para os movimentos por assim dizer transversais. A ferrovia que
definia o limite da cidade era prevista, para passageiros o para sentir as
industrias, também localizadas no perímetro urbano. No contexto do conjunto de
cidades, a unidade era mantida por um sistema intermunicipal de linhas férreas
para transito rápido.
Princípios
Fundamentais
Quatro
princípios fundamentais regiam a concepção de Ebenezer Howard para uma
cidade-jardim:
a) Limitação da área e do número de
habitantes.
b) Crescimento por colonização.
c) Variedade e suficiência de
oportunidades econômicas e sociais.
d) Controle da propriedade, no interesse
publico.
Limitação
da área e do número de habitantes.
Howard
retoma a idéia de Aristóteles de que a cidade deveria ter um numero certo,
suficiente para englobar todas as suas funções, mas não demasiadamente grande a
ponto de dificultar. Ele define a população de forma empírica, em 30.000
habitantes, no entorno da cidade ele definiria o cinturão verde, com as
atividades agrícolas e as pastagens, mais 2.000 habitantes seriam alojados. A
cidade-centro teria 58.000 habitantes.
Howard
propõe subdividir a população de 30.000 habitantes, e define uma unidade, ou
“ward” (bairro), de 5.000 pessoas; cada “ward”, deveria ser, uma cidade
completa”. As vias radiais tem nos limites do bairro, que, em um corte
transversal, deveria representar todas as classes de habitantes da cidade; a
escolha da designação “ward” implicava na existência de uma unidade local de
governo.
As
dimensões dos lotes residenciais foram fixadas,
em média de 6,0m x 40,0m; o que sugeria uma densidade de 170 a 250
pessoas/hectare.
Crescimento
por colonização.
Para
Ebenezer Howard , as partes de uma cidade tem a interrelação orgânica, como
limite funcional para o crescimento tanto de qualquer elemento quanto de todo o
conjunto. A expansão se daria pelo estabelecimento de outra cidade nova, ligada
diretamente à original por rodovias e estradas de ferro.
O
cinturão verde serviria não só para conservar próximo o ambiente rural, como
para impedir que outros núcleos urbanos se aproximassem demais e se
confundissem com a cidade, que se destinava a evitar o congestionamento como
também buscava manter o equilíbrio entre o campo e a comunidade urbana.
Variedade
e suficiência de oportunidades econômicas e sociais.
Na
cidade, deveria haver empregos e um conjunto completo de modelos de subúrbios,
a indústria deveria fazer parte integrante do meio urbano; mais, a oficina e a
fabrica deveriam ficar razoavelmente perto das residências. A nova cidade
abrigaria, desse modo, empresas variadas, com uma população mista com
diferentes vocações e uma movimentada vida social.
Controle
da propriedade, no interesse publico.
Howard
identificou com causa dos problemas das cidades
o alto nível das rendas dos terrenos urbanos (quanto mais densamente
construídos e habitados, maiores lucros).Filosoficamente preocupado como muitos
de seus contemporâneos, com questão da propriedade da terra, acreditava ter
encontrado a resposta para o prejuízo alegados pelos proprietários em caso de
nacionalização versus benefícios pra coletividade.
A
cidade seria construída em terrenos agrícolas, adquiridos a custos baixos, que
só depois se transformariam em áreas urbanas mais valorizadas,a propriedade da
terra não seria nacionalizada, mas mantida a favor da municipalidade, por uma
associação de cavalheiros de honra e probidades comprovadas”, as moradias
seriam devolvidas à cidade, descontados os furos mínimos e a amortização do
capital inicial levantado através da emissão de títulos hipotecários.
Quanto
às industrias e aos negócios, poderiam ser deixados à iniciativa privada, desde
que sítios para a sua implantação não
fossem vendidos pela municipalidade, mas apenas arrendados às empresas.
Howard,
nascido em Londres no período vitoriano por excelência, apreciando as
facilidades culturais e tecnológicas de sua época, compreendia que há vantagens
nos grandes números que nenhuma pequena cidade, de tamanho limitado, poderia
oferecer; há muitas funções (universidade, museus, hospitais especializados,
teatros, etc..,) que só podem ser mantidos por ma grande cidade ,onde a
concentração populacional proporciona diversidade de ocupações e de interesse.A
fim de combinar seus recursos, as cidades menores deveriam, então, se agrupar
em uma organização a que deu nome de “Cidade –Social” – denominada depois.
Unidade
de 300.000 habitantes, constituídas de pelo menos 10 cidades, ligadas entre si
por um sistema publico de transportes rápidos, politicamente federadas e
culturalmente associadas.
Sir
Frederick Osborn, defensor ativo das idéias de Ebenezer Howard., em “The New
Towns: the Answer Megalópolis”, sobre o tamanho ótimo de uma cidade: “Ainda não
há uma resposta universal que leve em
conta as necessidades da industria e comercio
modernos, normas residenciais, acesso entre a caso e o trabalho,
facilidades para o lazer, recreação e cultura.
Mas
e uma questão que começamos a ver que deve ser estudada a luz da da economia , das necessidades sociais e de
considerações geográficas locais.
Lewis
Munford observa: “Tanto quanto a noção de Howard sobre o número correto para a
população de uma única cidade, não há
nada sagrado na sua estimativa do número de cidades ou,da população total
necessária para preencher as funções de uma metrópole. O tamanho exato de uma
cidade regional deve ser estabelecido pela experiência. Mas, eu suspeitaria que
um número... da ordem de 1 milhão seria adequado para reproduzir, e mesmo..
Aprimorar, cada função metropolitana”.
O
principio da criação de cinturão verde permanente ao redor das comunidades
urbanas foi uma contribuição mais importante. Possivelmente, a melhor
denominação de tais comunidades seria a de Cidades de Cinturão Verde” .
Tendo
criado o modelo, Howard o experimentou; ou antes, persuadiu outras pessoas, com
capital e confiança, a reunirem-se a ele na experiência – a construção em
1903/1904 da primeira cidade-jardim em Letchworth, Hertfordshire, 55 km ao
norte de Londres.
O
plano Letchworth foi entregue a Raymond Unwin e Barry Parker. Na área adquirida
completamente rural estradas e sistemas de esgoto, água, gás, e eletricidade
tiveram que ser implantados pela First Garden City Ltda, companhia fundada para
construir a cidade.Adaptando-se ao sítio, o projeto baseou-se substancialmente
no sistema de vias existentes nas proximidades: não se previu a estrada de
ferro circular, mas adotou-se o cinturão verde circundante. Ainda de acordo com
idéias de Howard, as funções comerciais foram concentradas no centro, enquanto
as industrias foram localizadas ao longo da estrada de ferro que devia
servi-las. Foi adotada a densidade de, no maximo, 25 casas/hectare incluindo as
vias do acesso.
Fundamentalmente, o principal sistema de vias
é radial, interceptado por estradas transversais distanciadas de modo a
permitir quadras de razoável tamanho e grande variedade de desenhos. Ha muitos
cruzamentos, mas as esquinas foram mantidas sem edificações para minimizar os
conflitos entre os pedestres e os veículos; usa-se muito o ‘cul-de-sac “. Na
verdade, pouco tem sido escrito sobre as facilidades previstas para o
transporte interno em Letchworth, mas é possível constatar que, no inicio, as
distâncias eram tão curtas que a bicicleta foi julgada suficiente par os
movimentos necessários”.
Por
razões de economia a escala adotada para as ruas não era pródiga quanto á
largura; mas foi fixada uma distancia mínima de aproximação de 20 metros entre
as testadas das edificações e nenhuma via de passagem tinha menos de 12 metros
de largura, o que permitiu o alargamento posterior das vias sem que fossem
atingir as construções. Como bem lembra seria atingida pelo crescimento futuro
do trafego de automóveis.
Numa
atitude nova para uma cidade industrial, dedicou se cuidadosa atenção á
paisagem e ao ambiente; o próprio posicionamento dos edifícios e das calçadas
foi influenciado pela intenção de conservar as arvores existentes. Grande
variedade de espécies e arranjos de flores e folhagens foi introduzida, assim
como decorativos espaços verdes, de forma e tamanho variados, foram
distribuídos por toda a cidade.
A
nova comunidade, dentro de um período razoável, liquidou o custo de sua
implantação.Quando se consideram os obstáculos que se opuseram á demonstração,
Letchworth pode ser considerada um sucesso brilhante.
As
circunstancias de sua fundação são muito diferentes das que cercam as
cidades-novas de hoje, na Inglaterra, por exemplo, institucional e
financeiramente apoiadas pelo Estado. Na época de Howard, sua idéia podia ter
muito apelo, porem, como, negocio, oferecia compensações muito pequenas.
Criando
uma grande variedade de clubes e associações, para musica, teatro, política,religião,esportes,
excursões,danças,jardinagem,história natural e estudos”.Como nas Cidades-Novas
posteriores, a grande maioria dos habitantes veio atraída pelo emprego e
moradia próximos.Mas uma apreciável minoria quis experimentar os princípios que
estavam sendo testados – o planejamento antecipado, a propriedade comunitária
da terra, o retorno ao relacionamento estreito com as atividades rurais”
sistema de curvas variadas e cul de sac
com o traçado regular de seu centro principal.
A
área escolhida dividida em 4 partes por estradas de ferro praticamente
ortogonais. Cada uma dessas parcelas é servida por um centro e alguns
subcentros. A área industrial fica a leste da ferrovia principal e se distribui
dos dois lados do ramal perpendicular.
Mais uma vez, há poucos comentários sobre as
facilidades para o transporte interno, a não ser para observar que também não
foi pensado em termos da motorização generalizada que caracteriza os tempos
atuais; em 1921, o automóvel não ocupava no cenário urbano o lugar tão
proeminente de hoje Mas os padrões generosos que caracterizaram o plano
original,até hoje tem poupado a Welwyn, muitos dos problemas que afetam outros
desenvolvimentos da mesma época.
Para o trafego de passagem, por exemplo, foi
reservada uma via separada no centro da cidade; o centro assim, com relativa
facilidade, pode ser ainda completamente destinado ao uso exclusivo de
pedestres, como è a tendência atual no planejamento das cidades novas e como,
alias, foi defendido em 1921 (a idéia foi abandonada devida á oposição dos
comerciantes de então).
Welwyn,
hoje em dia, é o pólo comercial de uma vasta região e uma das mais importantes
comunidades de artistas de todo o país (O Digswell Arte Centre, ali construído,
congrega pintores, escultores, desenhistas e artesãos).
O
êxito de Letchworth Garden City representou o primeiro degrau; o sucesso de
Welwyn Garden City, 20 anos depois, estendeu a influência das idéias de
Ebenezer Howard ao planejamento urbano contemporâneo tanto da Inglaterra, como
de vários outros paises como, por exemplo, a Suecia, a Holanda ou a França.
Há,
porém, um ponto que precisa ser atentamente levado em conta. As idéias de
Ebenezer Howard surgiram e encontraram aplicação em um país desenvolvido, com
uma taxa de crescimento da população relativamente estável, onde cidades
limitadas -• em tamanho e numero de habitantes — seriam talvez viáveis (da mesma forma que nos outros
países que vem adotando igua1 linha de ação). Mas o mesmo não se poderia
afirmar dos países em desenvolvimento, que sofrem muito mais agudamente os
efeitos das mudanças tecnológicas e as conseqüências do alto crescimento
demográfico e do índice de urbanização (e onde o numero fixo de 30.000
habitantes soaria como demasiadamente restritivo).
Como
já se viu, na própria Inglaterra, o aumento dessas taxas de crescimento
invalidou o limite da população, fixado por Ebenezer Howard em 30.000 pessoas.
E mesmo assim o anel de Cidades - Novas construídas em torno de Londres não foi
capaz de atingir seu primeiro objetivo: descongestionar a metrópole. È possível
observar que, atualmente, cada vez mais, as Cidades-Novas vão se afastando do
modelo da Cidade-Jardim.
Fazendo-se,
porém, um balanço, constata-se que a política urbana inglesa, diretamente
inspirada naquela concepção, já levou à designação de 34 Cidades-Novas e a
construção de pelo menos 22 onde, hoje em dia, 1,5 milhões de pessoas alcançam
uma qualidade de vida melhor. E, pelo menos na origem dessas comunidades, os
princípios de Ebenezer Howard podem ser claramente percebidos.









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