E.IMAGINARIO DO LITORAL NORTE ATRAVÉS DO OLHAR DE UBATUBA DE FARIA



 “Os homens, a sociedade não creiam que um só ambiente possa satisfazer certas necessidades reais da vida e algumas de suas esperanças ambições e utopias”.
Pierre Francastel

A cidade é um conjunto de objetos urbanos a uma combinação de funções; a cidade reúne uma população que se caracteriza por uma determinada composição demográfica, social e étnica; é uma forma da comunidade (em alguns casos, de coexistência de comunidades) o da coletividade, é por principio essencialmente política. [1]

O objetivo dos fundadores das utopias das cidades ideais, desde Platão e Aristóteles e Tomás Morus ou Fourier era, precisamente, organização social e seu conjunto.Santo Agostinho opunha-se a cidades e os homens da cidade de Deus.Mas em todo o caso esta imagem estava intimamente ligado a de uma composição territorial, também ela é finita, marcada pela herança de uma civilização se faz notar sua interferência entre ambos caminhos de analises,sociedades e forma espaciais como assombrar-se então com o caminho oposto que tenham pretendido fundar a ordem social e a disposições dos objetos urbanos e tenham aspirado, com seu método, a transformar o modelo da sociedade.[2]

As relações existem entre a estrutura social global e os ordenamentos territoriais que implica.A cidade como lugar de encontro de “convivência”, da divisão é da luta entre grupos, e todo ele segundo as modalidades distintas e variáveis, é um reflexo passivo das relações sociais e nada mais.

As cidades, mais que um conceito de analises, é uma categoria  de praticas sociais.Até que  ponto se pode falar, então, de uma continuidade tal as realidades e as representações na ideologia, que permitam o uso das mesmas palavras e as mesmas noções, aplicando-lhes as formações históricas diferentes?Como se conjuga esta continuidade com a gênese das formações.

È indispensável considerar as perspectivas complementares que não contem sem embargos, mecanismos da natureza diversa: a cidade, em suas relações no seu território de entorno e com outras cidades, se pode considerar como um todo: define-se como um ponto ou um lugar privilegiado.De acordo com uma distinção clássica, a cidade revela também, por meio de suas paisagens, uma estrutura, um ordenamento das divisões internas.[3]

A questão do imaginário torna-se uma das reflexões mais interessantes e instigantes do final do século XX.Onde aparece a crise dos paradigmas de analises da realidade, o fim das crenças nas verdades absolutas e legitimitadoras da ordem social e interdisciplinaridade, onde o discurso unitário deixa de ter sentido no universo cientifico sobre o homem e a sociedade apoiadas em idéias-imagens legitimitadoras do presente e futuro tais como:

 - Progresso
- Homem
- Civilização

A descrição esta ligada ao processo de implantação do Departamento Balneário Marítimo, através de Ubatuba de Faria na questão da ocupação do litoral como forma de estabelecer um modelo de época, com objetivos próprios a partir da formação intelectual do grupo representado, no caso de Ubatuba pelo pensamento positivista aliado a fatores econômicos de sua época, o expansionismo da ocupação imobiliária, agindo desta forma sobre a representação do real.

Ao definirmos o contexto da nossa pesquisa tem como objetivo resgatar nos comportamentos sociais da década de 40, o envolvimento social das instituições publicas, na questão da política urbana que se pretendia criar para o litoral gaúcho.

O caminho das cidades do litoral gaúcho do inicio do Séc. XX com seu desenvolvimento e crescimento, a partir do processo de ocupação, saneamento e valorização.A cidade é o evento isolado o conjunto é a política do Departamento Balneário Marítimo.

A questão da ocupação urbana do litoral gaúcho, sob a direção de Ubatuba de Faria  engenheiro e urbanista, devem ser reavaliados fatores como matriz e efeito das praticas construtoras   do mundo social que envolvem fatos como,sexo, idade,religião,tradição, educação, etc...

Litoral do Rio Grande do Sul se insere dentro deste principio onde a sua imaginação produtiva e criadora leva a projetar as primeiras idéias sobre ocupação litorânea.A questão radical é que poderíamos imaginar a implantação, o ato de criar e se concretizar fisicamente.

Ubatuba de Faria se enquadra dentro da questão do modelo cidade-jardim que é apresentado como um diagrama de representação gráfica de determinado  fenômeno que deveria ser modificado para seguir as condições do sitio.O qual constituía-se em uma área circular cercada com diversas finalidades.

Este símbolo que se expressa pela imagem, esta diretamente ligada ao diagrama da cidade-jardim de Ebenezer Howard como componente espacial e por um sentido que se reporta a sua implantação como projeto de cidade, que significa além da representação especifica, a concretização do símbolo ao sonho da cidade.

Acreditamos que o perfil de Ubatuba de Faria como pensador do urbanismo poderia enquadrar-se na utopia do imaginário no domínio da projeção do litoral norte, ao conceber uma nova cidade, com nome de Atlântida, nome da ilha lendária, de grandes dimensões, (que teria existido no oceano Atlântico próximo das colunas de Hércules estreito de Gilbratar), habitada por um povo forte e guerreiro.Após violento cataclismo, teria submergido no oceano.

Platão descreveu minuciosamente sua organização e riqueza no Timeu ou Sobre a Natureza, um dos seus últimos diálogos , onde  sustenta que o mundo sensível é apenas uma imagem imperfeita do mundo inteligível e que só há ciência deste ultimo. É também neste dialogo que procura explicar a formação do universo, da alma e do corpo.No Crítias ou A Atlântida descreve um país misterioso, a Atlântida.

No caso de Atlântida, cidade balnear (ante-projeto).Projeto de um novo balneário entre Capão da Canoa e Tramandaí começa a dar inicio na questão do nome, levando o projeto a enquadrar filosoficamente  uma sociedade radicalmente outra, de um mundo em tudo melhor que o mundo real  “No Boletim da Sociedade de Engenharia, de outubro de 1939, nº 30 , na origem do Projeto é citado - Antes de fixar os limites de uma zona a urbanizar, é preciso compreender as razões principais que justificam sua formação de ordem moral, social ou mesmo sentimental que de ordem, técnica ou econômica” tem como  referencia o Profº Pierre Remaury , professor do Instituto de Urbanismo da Universidade de Paris” .[4]

Diante disto nos reportamos ao historiador e filosofo Bronislaw Baczko, “Sonhar uma sociedade perfeitamente transparente na qual os princípios fundadores se reencontrariam em todos os detalhes da vida cotidiana de seus membros, uma sociedade na qual a representação seria a imagem fiel, senão a simples reflexo de sua realidade, é um bem constante das utopias ao longo dos séculos. A permanência deste sonho é uma prova em contrario de que nenhuma sociedade, nenhum grupo social, nenhum poder são precisamente transparentes para si próprios”.[5]

O gerenciamento de um projeto e a manipulação do imaginário esta ligado a pesquisa como um processo ético do pesquisador onde a manipulação, trabalha com os sonhos coletivos e com forças da tradição herdadas de um cotidiano imemorial, onde forjara mitos, crenças e símbolos.





















[1]  RONCAYOLO Marcel / La ciudad/ 1988/ pág 11
[2]  RONCAYOLO, op.cit. , pg 13.
[3]  RONCAYOLO, op.cit. , pg 14
[4]  FARIA, Ubatuba de: Boletim da Sociedade de Engenharia,Atlântida,cidade balnear (ante-projeto),pág 272,1937
[5]  PESAVENTO, Sandra: Em busca de uma outra historia; Imaginando o imaginário/ /Rev.Brás, de Historia/S. P/V. 15 nº29/pg 23)

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