J. A IMPORTANCIA NO LITORAL NORTE
Ubatuba de Faria
e sua participação em diversos projetos no inicio do Séc. XX nas décadas de
30,40 e 50 nos levara a refletir sobre seus pressupostos teóricos, como foram
aplicadas sua contribuição e reflexão sobre a dinâmica das cidades, as
suas técnicas de interpretação e execução, a sua produção no litoral norte. Tudo
está no projeto de Atlântida, que buscava como projeto urbanístico de
qualidade.
Ebenezer Howard
e Mauricio Cravotto atuaram como influenciadores na trajetória de Luiz Arthur
Ubatuba de Faria, como engenheiro e urbanista e professor da Faculdade de
Arquitetura , e também no planejamento físico das cidades.
O objetivo da
pesquisa é valorizar e focar sobre o olhar do espaço e o imaginário urbano,
como foi pensada na estrutura espacial dos núcleos urbanos do litoral gaúcho no
inicio do séc. XX, no caso de Atlântida e Imbé, como foram projetadas e
implantadas durante o período do Estado Novo, sob a direção de Ubatuba de
Faria.
Ao descrever os
balneários de outrora que atualmente se tornaram cidades, busca-se
deliberadamente, fazê-lo de maneira objetiva e com clareza dos fatos, e sempre
que for possível, relatar conceitos que foram descritos pelos autores além de
explorar os conceitos do próprio autor, assim como as criticas e analise no que
se refere ao meio urbano.
O tema escolhido
pode ser considerado demasiado restritivo em relação ao material disponível
sobre Ubatuba de Faria, como urbanista, mas devemos ter um olhar diferenciado a
partir das suas observações a respeito do anteprojeto de Atlântida, cidade
balnear, onde questões sobre o meio ambiente assim como a sua visão social e
sua postura com relação à sua época perante a classe trabalhadora, a questão do
adensamento populacional como controle, dentro das melhores condições de
qualidade de vida a sua preocupação por um processo mais justo na formação dos
novos núcleos populacionais, vai surgindo um técnico com formação humanista um
intelectual prático e formal vivenciando também os conceitos do urbanismo de
sua época.
As concepções
estruturais urbanas no Séc. XX tem na Carta de Atenas de 1933, através do CIAM
(Congresso Internacional de Arquitetura Moderna), Leonardo Benévolo define que,
no momento decisivo, a escolha dos CIAM é exatamente oposta á tecnicista que se
sustenta estar implícita na tendência racionalista. É um jogo com a
racionalidade da técnica, e com a racionalidade das relações humanas.Estes
pontos estão nos parágrafos da conclusão da Carta de Atenas: [1]
A cidade deve assegurar, no plano espiritual e
material. A liberdade individual e os benefícios da ação coletiva.
O
dimensionamento de cada coisa dentro do dispositivo. Urbano não pode ser
regulado senão em escala humana.
Os pontos-chave
da urbanística consistem nas quatro funções: morar, trabalhar, divertir-se (no
tempo livre), circular.
Os planos
determinarão a estrutura de cada um dos setores atribuídos às quatro
funções-chave e fixarão sua respectiva localização no conjunto.
O ciclo das
funções quotidianas: morar, trabalhar, divertir-se (recuperar-se) será regulado
pela urbanística com a mais rigorosa economia de tempo, considerando a moradia
no centro das preocupações urbanísticas e como ponto de partida de toda
avaliação...
É necessário e
urgente que cada cidade estabeleça seu programa, promulgando as leis que
permitam sua atuação.
O programa deve
ser constituído com base em análises rigorosas levadas a efeito por
especialistas, deve prever as etapas no tempo e no espaço, deve coligar em
fecunda harmonia os recursos naturais do homem, a topografia do conjunto, os
dados econômicos, as necessidades sociológicas e os valores espirituais.
O núcleo básico
da urbanística é uma célula de habitação (um alojamento) e, de sua inserção em
um grupo, constitui-se uma unidade de habitação de grandeza eficaz.
A força dessa
burguesia no comando político que buscava alternativas no novo modelo econômico
que começava a se delinear. Dentro deste perfil Ubatuba de Faria com sua
formação se enquadra dentro dos critérios do poder da burguesia intelectual em
ascensão. Havia necessidade de técnicos com nível intelectual para administrar
esta nova fase que começava a se apresentar.
Ubatuba de Faria
se insere nesta relação a partir do momento em que assume o Departamento de
Balneário Marítimo. Ele se identifica no perfil do tecnocrata civil ao ser indicado
para ocupar o cargo do interventor militar, na época, General Cordeiro de
Farias.
O estado assume
papel de liderança de todas as classes sociais e busca legitimar o seu poder
nas massas passando para a sociedade os interesses particulares como se fossem
Universais.
Refletimos sobre
a questão do Projeto Atlântida que, além da preocupação de ocupação e
desenvolvimento, tinha um discurso das classes menos favorecidas, com relação à
possibilidade de um contato maior com o lazer do verão, a praia como objeto de
afirmar o novo “modos vivendi” brasileiro, onde todos poderiam ter uma casa na
praia.
O Estado realiza
um reordenamento institucional que visa a centralizar administrativamente com a
possibilidade de intervir e regulamentar o aparelho burocrático, e vai
definindo uma crescente estatização.Criação de novos órgãos e funções ampliam o
aparelho burocrático do estado que estabelece;
Planos
educacionais
Planos de Saúde
Planos de
Habitação
A partir da
intervenção do estado começam a surgir órgãos e funções na política voltada a
para a saúde, e higienização, que já tinha como trajetória cultural, todo o
processo que envolveu a febre amarela no Rio de Janeiro, causando a Revolução
da Vacina. Diante deste progresso histórico a questão dos Planos de
Desenvolvimento Urbano para as localidades que não tem infra-estrutura básica.
Começamos com os Plano de Melhoramentos,
com o objetivo de melhor equacionar a
questão saúde e habitação.
A somatória da
saúde com a produção das habitações complementando com mais construção e mais
mão de obra sendo empregada, a classe média em ascensão começa a viver deste
processo da transformação social através da construção civil.
As necessidades
de planos de urbanização e ocupação aparecem como alternativas políticas com a
participação de técnicos civis. Ubatuba de Faria tem o perfil, que vai se
apresentando ás classes produtoras, progressivamente com o Estado que começou a
implantar uma estrutura corporativista, na qual grupos econômicos começam a
surgir, no caso o Departamento de Balneário Marítimo, as relações com as
construtoras aparecem como participantes na nova ordem econômica política e
social.
Em 10 de
novembro de 1937, o Congresso Nacional é fechado. Inicia-se o estado Novo, a
ditadura se instala numa sociedade já preparada para o golpe. O poder burguês
do país ingressa em nova fase das classes dominantes que transitavam de uma
forma burguesa para outra, mantendo a sua hegemonia sobre a nação. O consenso
começa a estabelecer um melhor progresso econômico e ordem social, através do
regime autoritário.
O progresso
econômico e a ordem social são as palavras chaves no processo político que se
apresentava como moralizador das instituições.A importância é
responder de forma suficiente às exigências da historia de como o engenheiro e
urbanista Ubatuba de Faria, estava
inserido no contexto de época, na questão dos projetos urbanos de ocupação do
litoral do Rio Grande do Sul como diretor do Departamento de Balneário Marítimo
as fontes de pesquisa com relação a esse período e como é estabelecidos a
relação do poder político com o poder de executor técnico, e onde as alterações
políticas que estavam ligadas ao Estado Novo.
A transformação política e econômica, nos
encaminhou na busca à base teórica para melhor analisarmos este período, sem
cair no processo da biografia de Ubatuba de Faria como espinha dorsal da nossa
pesquisa, mas sim como um dos elementos para começarmos a pesquisar e estudar
as formações dos núcleos urbanos existentes no litoral gaúcho, principalmente o
litoral norte e sua influencias no modelo político e econômico vigente na época
e que nos vem apresentando através do tempo
suas significativas transformações.
Os nossos
questionamentos começaram sobre o ato de projetar e suas implicações técnicas
na forma de administrar a política
urbana no planejamento. Nas questões do
crescer e se desenvolver, criando a necessidade de poder compreender e entender
que tipo de cultura urbana está presente nas praias gaúchas.
Após termos
vivenciado experiências tão antagônicas, e visto que o processo do turismo
cultural acelera a perda da identidade dos seus moradores, começamos a nos
perguntar como isto se concretiza, dentro das peculiaridades regionais.
Analisarmos a sua
produção urbanística no Litoral Norte, o seu prestígio que repercutiu junto ao
Governo Central, carismático como técnico funcionário da prefeitura e professor
da Faculdade de Belas Artes e da Faculdade de Arquitetura.Como sua principal
produção está o projeto de Atlântida, que buscava uma qualidade em termos do
desenho e de um a realização como projeto urbanístico e melhor relação social,
é o que vemos no seu memorial descritivo
:
“Antes de fixar
os limites de uma zona a urbanizar, é preciso compreender as razões principais
que justificam sua formação de ordem moral, social, ou mesmo sentimental que de
ordem, técnica e econômica”[2]
[1] BENÉVOLO Leonardo: Historia da
Arquitetura Moderna.
[2] FARIA, Ubatuba de: Boletim da
Sociedade de Engenharia, Atlântida, cidade balnear (anteprojeto), pág 272,1937.

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